A água espalhou-se pela sua cara, assim que lhe tocou.
A viagem tinha sido longa e o check-in foi feito já passava da meia-noite. Algo naquele hotel rural parecia estranho. Os funcionários agiam de modo apressado quando lhe indicaram o seu quarto.
Lançou nova mão cheia de água na sua fronte e levantou a cabeça, pronto a olhar-se ao espelho.
Limpou a cara e abriu os olhos.
A água do lavatório saía acastanhada e enchia a bacia rapidamente. Tentou fechar a torneira mas a água subia agora pelo ralo, contrariando a gravidade.
Olhou em redor, à procura de uma toalha maior para tapar o buraco. Na banheira, saía a mesma água, castanha e suja.
Do espelho, olhava-o a imagem de homem estrábico acamado. O seu cabelo caía em tufos mas os seus olhos emanavam calma. Tentou falar com ele mas algo chamou a sua atenção para a rua.
Pela janela ao seu lado, viu uma mulher de vestido de dormir branco, a tentar entrar no andar de baixo do edifício do lado.
Mal teve tempo de processar o que via quando a mulher olhou para ele, lá debaixo.
Pestanejou e ela desapareceu.
Um segundo depois, apareceu à sua frente, do lado de dentro do seu quarto, encarando-o e guinchando com uma boca cheia de dentes podres.
Ele acordou, a gritar e a suar, e não dormiu mais essa noite.