Perdido por Amor
Ele olhou, perdido, enquanto a porta se fechava atrás dela.
A sua cara estava dorida das pancadas e os seus olhos ainda com lágrimas. A traição tinha doído mais que os murros.
Três vezes ela voltou e perguntou a mesma coisa.
- Como retiro o Amor Eterno do coração da Fada?
Três vezes saiu sem resposta.
A verdade? Ele também não sabia...
À quarta, e já sentido que o seu prisioneiro não iria ceder tão cedo, decidiu apenas trazer a menina consigo.
Os seus finos cabelos azul-marinho estavam todos emaranhados. A sua suave pele conspurcada pela sujidade das lajes das masmorras. Ela não pertencia ali.
A Fada olhou para ele a sorrir mas com uma espécie de despedida no olhar.
- Já que tu não dizes vamos ver se consigo sacá-lo na mesma... Na pior das hipóteses, tenho que encontrar outra Fada.
Sem lhe dar tempo para pensar se era bluff ou não, sacou um punhal e enterrou-o no peito da menina de cabelo azul.
- NÃÃÃOOOO!
As suas grilhetas chiaram violentamente quando se tentou soltar; mas não cederam nem um bocado.
A Fada esvaía-se em sangue enquanto a Inquisidora remexia no seu interior, entoando a música do Amor Eterno na Língua Infinita.
As lágrimas voltaram enquanto assistia, impotente, ao homicídio de um ser tão puro. Deixou-se cair e baixou a cabeça, pingando o chão por baixo de si.
A Inquisidora, outrora sua companheira, levantou-se, limpou o punhal e saiu porta fora, pela última vez, deixando-o na sua miséria, de joelhos.
Ele olhou, ainda mais perdido, enquanto a porta se fechava atrás dela.