Abriu o Livro, olhou para ele durante alguns segundos e, de seguida, voltou a fechá-lo e a guardá-lo.
Nem aquilo lhe dava vontade de fazer; então, fechou os olhos e adormeceu.
O Portão de Rileiah apareceu-lhe de novo à frente, com os seus soldados a tentar tomá-lo.
Encostou-se à entrada e olhou lá para dentro. Os seus comandados morriam das mais diversas formas.
Olhou à sua volta e viu um novo batalhão a chegar. Estendeu a mão para uma jovem mulher que pertencia aos recém-chegados.
Sabia que era uma mulher pois os seus delicados cabelos espreitavam pela parte de trás do capacete.
Quando a mulher olhou para trás, a sua cara tinha desaparecido. Como se alguém tivesse puxado a pele da testa sobre o resto da cara.
Pestanejou e quando abriu os olhos, estavam ambos no cimo da rampa.
Sussurros começaram a ouvir-se. Ininteligíveis.
Não compreendendo, tentou encontrar algum sinal na cara da mulher. Algo pareceu mexer-se no lugar onde deveria estar a boca. O local começou a ficar vermelho assim como as paredes do túnel.
Os murmúrios soavam cada vez mais alto mas continuavam sem se perceber.
A mão da mulher apertou o seu braço e puxou-o para junto dela, ficando os dois cara a cara.
A cara sem olhos metia-lhe medo mas Lax'Bo aguentou e fitou a pele à sua frente. Um cheiro a podridão veio-lhe ao nariz.
Conseguiu ver que a pele rasgava no lugar da boca e que, dentro de instantes, poderia falar com a mulher.
O sussurro parecia agora mais um cântico que outra coisa. As suas palavras flutuavam pelo túnel abaixo.
Quando o que parecia um punhal invisível acabou de rasgar a pele, a mulher abriu a boca.
- Yog katai jomon. - disse cuspindo sangue para cima dele
O som à sua volta tornou-se ensurdecedor e o sangue que saía da boca da mulher transformou-se num rio, que descia até à frente de batalha, lá em baixo. Tentou segurar-se mas o rio tornou-se tão forte que o puxou, e só a mulher o agarrava pelo braço.
Olhou-lhe no que poderiam ser os olhos e tentou perceber o que queria dizer com aquelas palavras.
- Itte yog izad katai yomon. - disse, admirado por saírem na Língua Antiga – Eu não estou a matar ninguém.
A mulher não se mexeu e o barulho parou.
- Yog katai jomon. - disse uma última vez e largou-o
Lax'Bo deslizou pelo Túnel de Zinid, levado pela torrente de sangue. Quando chegou ao fundo, acordou.