O homem colocou a lâmpada no chão enquanto uma fumaça verde e laranja espiralava até ao tecto e começava a preencher a pequena câmara. O espaço era apertado e cheirava a ovos podres.
"Oh, poderoso génio, sai e..."
"Não!"
"O quê?" perguntou o homem, coçando a cabeça.
"Eu. Disse. 'Não!" respondeu o gênio. "Eu não quero que mais ninguém peça desejos ou dinheiro infinito. O último gajo foi esmagado por uma pilha enorme de ouro. Estou cansado de vocês, humanos, não pensarem bem nos vossos desejos."
O homem hesitou.
"Uau...," disse o homem. "E que tal velhos am...?
"Pára! Nem penses em acabar essa linha da obra do Professor Tolkien," gritou enquanto erguia o dedo para o homem de pé por baixo dele. "Vocês, humanos, incompetentes, acham que isto é um jogo? Podíamos acabar com o mundo hoje. Com os desejos certos, é claro..."
"Que são...?"
"Achas mesmo que os diria?"
O génio flutuou até ao chão, sua forma agora sólida e totalmente visível. Era uma figura alta e imponente com uma barba grossa e uma expressão solene. O homem encolheu-se na sua frente, sem saber o que fazer.
"Olha, eu sei que fui trazido aqui sob falsas pretensões," disse o génio. "Mas tu precisas entender que os meus poderes não devem ser encarados levianamente. Eu já vi civilizações inteiras erguerem-se e caírem por caprichos de humanos tolos. Deves ter cuidado com os teus desejos."
O homem assentiu, ouvindo atentamente.
"Sinto muito, eu não sabia. Eu só queria usar os desejos para algo bom, para ajudar as pessoas."
O génio sorriu, as suas feições ficando menos severas.
"Antes de fazeres qualquer desejo, deixa-me dar-te alguns conselhos. Pensa nas consequências das tuas ações. Pensa no efeito de onda que os teus desejos podem ter no mundo. E lembra-te, só tens três desejos. Escolhe-os sabiamente."
O gênio desapareceu numa nuvem de fumo, deixando o homem sozinho na câmara. Ele percebeu, tarde demais, que nunca deveria ter invocado o génio e ralhou a si mesmo pela sua tolice.
O homem ficou sentado na câmara por alguns momentos, a sua mente ainda absorta nas palavras do génio. Ele pensou no poder do génio, o poder de conceder desejos, mas também no poder de fazer os seus piores pesadelos se tornarem realidade. Ele tremeu ao pensar em que tipo de horrores o gênio poderia infligir a ele se ele o invocasse novamente com mau humor.
Era claro que o génio não tinha paciência ou misericórdia para aqueles que o invocavam sem considerar as consequências. Ele desejou que o pudesse desfazer, mas sabia que era tarde demais para isso.
Ele saiu da câmara cheio de medo e arrependimento, determinado a nunca mais cometer o mesmo erro. Enquanto caminhava, não conseguia se livrar da sensação de que a ameaça do gênio ainda pairava sobre ele, um lembrete dos perigos que vêm com desejar sem cautela.
O homem caminhou pelo deserto com um novo sentido de propósito, pronto para fazer os seus desejos valerem e para perdoar um génio que estava constantemente a ser invocado por humanos incompetentes.