Já ouviu falar de Plotter vs Pantser, agora prepare-se para o Worldbuilding vs Worldwriting.
Embora ambos sejam características dos escritores, e muito parecidos, há aqui uma ligeira diferença que pretendo explorar no artigo de hoje.
Comecemos por descrever os termos melhor.
Plotter
Um Plotter é um escritor que cria e planeia tudo, desde o mundo ao enredo, antes de iniciar o processo de escrita. Um Plotter, geralmente, sabe o que quer do texto e prepara-o, de modo a sair mais naturalmente aquando do processo de escrita.
Pantser
Um Pantser escreve os seus livros sem um "mapa" para o guiar, sem grandes preparações iniciais, optando por fazê-lo à medida que vai escrevendo ou ao editar.
Plotter VS Pantser
Esta é uma luta antiga, pois ambos apresentam as suas vantagens, dependendo do escritor.
Um Plotter consegue seguir um esboço e dedicar o seu tempo à escrita em si.
Um Pantser acaba por ter mais liberdade criativa, sacrificando uma pré-estruturação da narrativa.
Ambos formam um expectro e não uma dualidade.
No meu caso, comecei por ser um Pantser, e algumas coisas saíram bem, mas só quando adotei alguns métodos de Plotter, como Worldbuilding ou criar uma estrutura narrativa, consegui realmente alcançar maior fluidez no processo de escrita.
Além disso, sabendo onde ia, pude começar envolver partes da narrativa, que preparavam cenas nos capítulos futuros.
Worldbuilding
Se tem seguido este blog, ou pesquisou por worldbuilding, já deverá ter uma noção do que o termo significa.
Worldbuilding é o termo usado para descrever o processo de pensar e construir tudo que rodeará as nossas personagens.
Existem várias aplicações e software que o ajudam a registar e arquivar toda a informação, de modo a que possa consultá-la, quando precisar usá-la no seu texto.
Aprenda a fazer mapas no GIMP ou no Photoshop. Para um escritor de fantasia são muito divertidos e ajudam muito, especialmente se as suas personagens andarem de lado para o outro.
Worldwriting
Worldwriting é o termo usado (por mim) para descrever o processo de desenvolver o seu mundo enquanto vomita as palavras para a folha em branco.
Foca-se bastante no processo imaginativo e na sua capacidade de se lembrar de todos os pormenores do seu mundo.
É um método do mais criativo que há e, por vezes, é o ideal. Se, como eu, já se encontrou preso numa determinada cena ou capítulo, sem saber o que escrever, abordar o texto de uma perspectiva de worldwriting pode ajudá-lo a desatar esse nó e, talvez, mostrar-lhe algo que nunca poderia ter planeado.
Worlbuilding VS Worldwriting
Tal como o Plotter VS Pantser, estes dois pintam-se num expectro e não de Preto e Branco.
Um Worldbuilder consegue "pintar" uma imagem bem vívida do seu mundo e o que quer passar ao leitor.
Um Worldwriter consegue escrever um mundo no preciso instante em que lhe surge na ideia.
Na minha opinião, e segundo o que posso relatar do meu contínuo desenvolvimento enquanto escritor de fantasia, por vezes deve adoptar um ou outro, consoante o que lhe parecer mais adequado.
Há coisas que não precisam de ser construídas antes de começar a escrever, como o fruto que as árvores dão ou se a água do rio corre translúcida. Pode descrevê-los quando lá chegar, assim como as suas personagens, gozará de uma primeira impressão da paisagem.
Porém, há outras que devem (quase obrigatoriamente) passar por um processo de worldbuilding prévio, como o Espaço Físico, um Mapa, a Civilização, a História, a Mitologia (Religião), a Economia ou, até mesmo, a Estrutura do Poder.
O melhor será encontrar um balanço entre os dois e definir o que mais se adequa ao seu processo criativo.
Experimente.
Seja um Plotter Worldbuilder ou um Pantser Worldwriter.
O que me define a mim penso ser o Plotter Worldwriter, pois faço o trabalho antecipado mas deixo os detalhes para a altura em que as palavras jorram para página.